É muito comum o diagnóstico de anemia em pacientes oncológicos. Pessoas com diferentes tipos de câncer podem apresentar uma baixa contagem de hemácias, que são as células vermelhas do sangue, e isso também pode acontecer nos pacientes de câncer gástrico, ou seja, câncer de estômago.
Podemos citar basicamente três fatores que apontam a relação entre o câncer gástrico e a anemia. Eles podem levar ao desenvolvimento dessa complicação, reduzindo ainda mais a qualidade de vida do paciente. Esses fatores são o próprio câncer, os sangramentos e o tratamento adotado.
O organismo humano tem a capacidade de se adequar ou se adaptar ao meio externo, mas mantendo as mesmas condições internas. Ou seja, o organismo regula a si mesmo para garantir a maior estabilidade possível, a fim de minimizar a influência dos fatores externos. Esse processo é chamado de homeostase.
Os diferentes tipos de câncer podem prejudicar essa capacidade de adaptação do organismo. A doença altera a homeostase e isso também causa alterações sanguíneas, pois as células do sangue podem ser danificadas. Assim, a própria doença tem o potencial de desencadear anemia.
Nem todos os tipos de câncer causam a perda de sangue, mas esse costuma ser um sintoma importante que contribui para o diagnóstico da doença, inclusive quando ela se desenvolve no estômago.
Pacientes de câncer gástrico podem apresentar sangramentos mais ou menos significativos em diferentes estágios da doença. Geralmente a perda de sangue ocorre em pacientes com tumores intraluminais, e os sangramentos podem ser agudos ou crônicos.
Com o passar do tempo, os sangramentos causam a diminuição progressiva de ferro no organismo, levando, então, ao desenvolvimento da anemia ferropriva, ou seja, aquela causada pela deficiência desse mineral.
Em relação ao tratamento oncológico, existem duas situações que podem fazer com que ele favoreça o desenvolvimento de anemia nos pacientes com câncer gástrico.
É muito comum que, dependendo do protocolo adotado, o paciente tenha perda de apetite. A alimentação deficiente pode fazer com que ele fique anêmico. Por isso é tão importante que os pacientes em tratamento de câncer recebam também a atenção nutricional. A quimioterapia é um procedimento que costuma provocar esse tipo de complicação.
O tratamento do câncer, contudo, pode causar efeitos adversos que prejudicam a hematopoiese, processo de formação das células sanguíneas. As drogas antiblásticas e a radiação ionizante, por exemplo, podem causar esse tipo de efeito. Assim, o paciente de câncer gástrico pode desenvolver anemia devido à redução dos níveis de hemoglobina.
Já não resta dúvida sobre a relação estreita entre anemia e câncer gástrico, e de que a doença, entre outros fatores relacionados a ela, pode fazer com que o paciente fique anêmico. Mas existe também a dúvida da situação contrária. Será que a anemia pode favorecer o desenvolvimento do câncer? A resposta nesse caso é: depende.
A carência de ferro, por exemplo, não favorece a manifestação de tumores malignos, mas a anemia perniciosa tem o potencial de favorecer o desenvolvimento do câncer gástrico. Esse tipo de anemia é aquele provocado pela deficiência de vitaminas B12 devido à dificuldade de absorção dela, provocada pela insuficiência do fator intrínseco. Na verdade, nesses casos não é a anemia por carência de vitamina B12 que provoca o câncer, mas ela é reflexo de uma doença que leva à deficiência: a gastrite atrófica. Esse tipo de gastrite é um dos principais fatores predisponentes ao câncer do estômago. Desse modo devemos considerar que pacientes com anemia perniciosa têm risco aumentado para o desenvolvimento do câncer de estômago.
Vale ressaltar que a anemia em pacientes com câncer gástrico tende a se manifestar em indivíduos com idade mais avançada. Ainda assim, qualquer pessoa diagnosticada com a doença precisa de um acompanhamento rigoroso e multidisciplinar.
Dessa forma, serão adotadas as melhores medidas para tratar a doença e, ao mesmo tempo, manter a saúde e a qualidade de vida do paciente por meio de medidas que promovam maior equilíbrio orgânico, evitem as complicações que a doença pode causar e minimizem os efeitos colaterais que os tratamentos provocam.