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Existe relação entre anemia e câncer gástrico?

Tempo de Leitura: 3 min
Atualizado em 31/07/2023
Sumário

É muito comum o diagnóstico de anemia em pacientes oncológicos. Pessoas com diferentes tipos de câncer podem apresentar uma baixa contagem de hemácias, que são as células vermelhas do sangue, e isso também pode acontecer nos pacientes de câncer gástrico, ou seja, câncer de estômago.

O que causa anemia em pacientes de câncer gástrico?

Podemos citar basicamente três fatores que apontam a relação entre o câncer gástrico e a anemia. Eles podem levar ao desenvolvimento dessa complicação, reduzindo ainda mais a qualidade de vida do paciente. Esses fatores são o próprio câncer, os sangramentos e o tratamento adotado.

O câncer em si

O organismo humano tem a capacidade de se adequar ou se adaptar ao meio externo, mas mantendo as mesmas condições internas. Ou seja, o organismo regula a si mesmo para garantir a maior estabilidade possível, a fim de minimizar a influência dos fatores externos. Esse processo é chamado de homeostase.

Os diferentes tipos de câncer podem prejudicar essa capacidade de adaptação do organismo. A doença altera a homeostase e isso também causa alterações sanguíneas, pois as células do sangue podem ser danificadas. Assim, a própria doença tem o potencial de desencadear anemia.

A perda de sangue

Nem todos os tipos de câncer causam a perda de sangue, mas esse costuma ser um sintoma importante que contribui para o diagnóstico da doença, inclusive quando ela se desenvolve no estômago.

Pacientes de câncer gástrico podem apresentar sangramentos mais ou menos significativos em diferentes estágios da doença. Geralmente a perda de sangue ocorre em pacientes com tumores intraluminais, e os sangramentos podem ser agudos ou crônicos.

Com o passar do tempo, os sangramentos causam a diminuição progressiva de ferro no organismo, levando, então, ao desenvolvimento da anemia ferropriva, ou seja, aquela causada pela deficiência desse mineral.

O tratamento oncológico

Em relação ao tratamento oncológico, existem duas situações que podem fazer com que ele favoreça o desenvolvimento de anemia nos pacientes com câncer gástrico.

É muito comum que, dependendo do protocolo adotado, o paciente tenha perda de apetite. A alimentação deficiente pode fazer com que ele fique anêmico. Por isso é tão importante que os pacientes em tratamento de câncer recebam também a atenção nutricional. A quimioterapia é um procedimento que costuma provocar esse tipo de complicação.

O tratamento do câncer, contudo, pode causar efeitos adversos que prejudicam a hematopoiese, processo de formação das células sanguíneas. As drogas antiblásticas e a radiação ionizante, por exemplo, podem causar esse tipo de efeito. Assim, o paciente de câncer gástrico pode desenvolver anemia devido à redução dos níveis de hemoglobina.

A anemia pode causar câncer gástrico?

Já não resta dúvida sobre a relação estreita entre anemia e câncer gástrico, e de que a doença, entre outros fatores relacionados a ela, pode fazer com que o paciente fique anêmico. Mas existe também a dúvida da situação contrária. Será que a anemia pode favorecer o desenvolvimento do câncer? A resposta nesse caso é: depende. 

A carência de ferro, por exemplo, não favorece a manifestação de tumores malignos, mas a anemia perniciosa tem o potencial de favorecer o desenvolvimento do câncer gástrico. Esse tipo de anemia é aquele provocado pela deficiência de vitaminas B12 devido à dificuldade de absorção dela, provocada pela insuficiência do fator intrínseco. Na verdade, nesses casos não é a anemia por carência de vitamina B12 que provoca o câncer, mas ela é reflexo de uma doença que leva à deficiência: a gastrite atrófica. Esse tipo de gastrite é um dos principais fatores predisponentes ao câncer do estômago. Desse modo devemos considerar que  pacientes com anemia perniciosa têm risco aumentado para o desenvolvimento do câncer de estômago.

Vale ressaltar que a anemia em pacientes com câncer gástrico tende a se manifestar em indivíduos com idade mais avançada. Ainda assim, qualquer pessoa diagnosticada com a doença precisa de um acompanhamento rigoroso e multidisciplinar.

Dessa forma, serão adotadas as melhores medidas para tratar a doença e, ao mesmo tempo, manter a saúde e a qualidade de vida do paciente por meio de medidas que promovam maior equilíbrio orgânico, evitem as complicações que a doença pode causar e minimizem os efeitos colaterais que os tratamentos provocam.

Dr. Paulo Kassab Imagem do Doutor CRM 42.138

Dr. Paulo Kassab

CRM:  42.138    
RQE: 45.777 - Cirurgia Geral
RQE: 64.606 - Cirurgia do Aparelho Digestivo
Sou graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro, Mestre em Medicina(Cirurgia) pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e Doutor em Medicina (Cirurgia) e possuo Livre Docência pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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